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Rede privada calcula receita 20% menor

24 de agosto 2020 Paulo Araripe Jr.

Em um cenário transformado, a rede privada de saúde encara queda de até 20% da receita esperada para o ano, motivada pela quantidade de cirurgias canceladas e o receio dos pacientes de se infectarem em hospitais. No total, 46,7 milhões de brasileiros têm planos de saúde.

“Todos os pacientes que tinham as cirurgias de não emergência adiaram, mesmo os que não poderiam”, diz Francisco Balestrin, presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados. A rede, diz, também precisou lidar com escassez de anestésicos, essenciais para tratar casos graves da covid-19, e insumos mais caros, já que só os preços de equipamentos de proteção individual (EPIS) aumentaram cerca de 400%.

A ocupação dos leitos, que em sua maioria continua voltada para as vítimas da pandemia, também caiu da taxa média de 80% para até 30%. “Estamos precisando reconectar o paciente crônico aos seus médicos, hospitais e clínicas, porque as pessoas ainda não estão suficientemente prontas (para voltarem)”, afirma Balestrin. “No SUS, a pandemia começou mais tarde e está durando mais tempo”, aponta Victor Dourado, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo. Já no setor privado, segundo ele, “as cirurgias estão acontecendo há algum tempo”.

Para alguns pacientes, já é possível retomar os planos. Chao Enhung, de 62 anos, havia adiado a cirurgia para corrigir seu joanete, marcada para maio, em um hospital particular de São Paulo. No grupo de risco, ela não queria se expor. Hoje, conta estar mais tranquila e conseguiu remarcar para o fim deste mês. “Acho que deu uma acalmada e que a pandemia ainda vai demorar pelo menos um ano. Com o tempo, a gente também relaxa.

Autor: João Ker
Referência: Estado de São Paulo