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Puxado por proteções pessoais, mercado de seguros cresce na pandemia

05 de outubro 2020 Paulo Araripe Jr.

Demanda por seguro de vida acumulou prêmios de R$ 81,07 bilhões em agosto, enquanto no mesmo período do ano passado era de R$ 61,67 bilhões

Um dos setores que conseguiu sair bem da crise causada pelo isolamento social foi o de seguros. No Ceará, opções de proteções pessoais foram muito demandadas durante a pandemia e o valor dos prêmios acumulados nos primeiros oito meses do ano chegou a R$ 499,3 bilhões, uma alta de 2,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Outra alta bastante sensível foi na de seguros habitacionais. Entre janeiro e agosto, os prêmios acumulados passaram de R$ 59,8 bilhões. O valor é 38,7% superior aos R$ 43,1 bilhões registrados nos mesmos meses de 2019. Uma das justificativas para essa alta, foi, em parte, pelo alto período que as pessoas passaram em casa e investimentos nos lares foram mais comuns. Tanto que o valor dos prêmios nunca ficou abaixo dos registros de 2019.

De acordo com o presidente da Associação dos Profissionais de Investimentos do Nordeste (Apimec-NE), Célio Fernando Melo, o mais notável do resultado é o crescimento da procura por seguros de transportes. Muito demandado por empresas, principalmente as de logística, esse crescimento, somente em julho foi de R$ 19,3 bilhões em prêmios, indica uma retomada econômica e desfaz o que foi perdido nos meses anteriores, quando as empresas precisaram cancelar os seguros para poupar gastos.

De acordo com os dados, os seguros de transportes acumularam R$ 34,65 bilhões em prêmios, entre janeiro e agosto. Enquanto no mesmo período de 2019 foi de R$ 31,1 bilhões. A variação é de 11% em 2020. “Com o nível de atividade econômica em baixa durante o primeiro semestre, o seguro de transportes ficou reprimido. As empresas procuraram se proteger também e de repente reduziram custos e procuraram outros tipos de proteções e agora passaram a demandar mais”, completa.

Célio ainda destaca que mesmo com a pressão sobre a renda, a alta da incerteza fez com que as pessoas buscassem se resguardar. “As pessoas ficaram mais avessas ao risco por conta da pandemia”.

O presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, concorda e diz que o momento de incerteza sobre a saúde, o emprego e os negócios aplicações, imóveis e família, mudou o pensamento de muitas pessoas. “O medo de falecer e não deixar algo garantido para filhos e cônjuge e das empresas em garantias do patrimônio gerou uma perspectiva de crescimento para o setor de seguros. Conseguimos observar essa alta no segmento por causa da pandemia”, completa.

Essa maior procura por seguros de vida e a retomada das contratações relacionadas aos transportes, consolidaram o Ceará como o 11º maior mercado de seguros do País e o terceiro do Nordeste, atrás de Bahia, que é o nono maior e de Pernambuco que vem em seguida. Na síntese mensal da Susep, o resultado nacional teve o melhor desempenho de todos os segmentos analisados em 2020. No acumulado do ano, até agosto, seguros de pessoas apresentaram crescimento de 1,2% em relação ao mesmo período de 2019, o que representa crescimento real de 0,5% descontando a inflação.

Referência: O Povo