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Idosos: inflação acima da média

14 de outubro 2020 Paulo Araripe Jr.

No terceiro trimestre, índice impactou mais a terceira idade do que as demais faixas etárias, conforme aponta o IPC-3i. O levantamento mede a variação da cesta de consumo de famílias compostas, em sua maioria, por pessoas com mais de 60 anos

A inflação para a população idosa foi maior do que a registrada para as demais faixas etárias no terceiro trimestre de 2020 e tende a terminar o ano acima dessa média. É o que apontou o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele mede a variação da cesta de consumo de famílias compostas, em sua maioria, por pessoas com mais de 60 anos. No último período estudado, o índice subiu 1,93% e foi para 4% em 12 meses — diferente da publicação anterior, em que houve deflação de 0,03%.

O resultado é maior do que o registrado no Índice de Preços ao Consumidor — Brasil (IPC-BR), que faz a medição da cesta de compras para todas as faixas etárias. Este indicador teve alta acumulada de 3,62% em 12 meses. Para André Braz, coordenador do IPC do Ibre/FGV, é importante medir a variação em produtos mais consumidos por idosos porque a sociedade está envelhecendo e esse grupo percebe inflação acima da média.

“O desafio da terceira idade são os gastos com saúde. À medida que a gente envelhece, medicamentos e planos de saúde aumentam de peso na nossa cesta de consumo. O IPC-3i oferece a oportunidade de mapear aqueles produtos e serviços que são essenciais para a terceira idade. A gente personaliza a inflação, é uma oportunidade de dar destaque ao custo de vida de um grupo social que aumenta na sociedade”, pontuou.

Braz ressaltou, que, na área de saúde, a suspensão, até dezembro, dos reajustes dos planos de saúde, determinada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aliviou o bolso dos mais velhos e evitou uma alta maior na inflação. Mas os medicamentos ficaram mais caros. “É um peso a menos (a suspensão do reajuste). Se não fosse esse adiamento, a inflação do idoso teria avançado mais. E como é um serviço que tem muito peso, foi uma âncora. Mas os medicamentos subiram muito de preço”, afirmou.

Autor: Israel Medeiros
Referência: Correio Braziliense