Hospitais apostam em clínicas em aeroportos e empresas na pandemia
29 de janeiro 2021 Paulo Araripe Jr.
Einstein abre unidade no Aeroporto de Guarulhos, com testes de Covid. Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz investem no setor corporativo
O mais recente movimento de diversificação de organizações privadas da área da saúde foi dado ontem pelo Albert Einstein, com a inauguração da primeira clínica do hospital em um aeroporto, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Segundo especialistas, a tendência deve se ampliar nos próximos anos e acirrar a competitividade no setor. Outros grupos, como Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz apostam no setor corporativo e preveem ampliar oferta de ambulatórios em empresas.
A nova unidade do Einstein vai realizar o teste RT-PCR para detecção do coronavírus e promete entregar os resultados em no máximo quatro horas. Também oferece vacinas do calendário básico de imunização (como a que previne a febre amarela) e guichês para consultas por telemedicina.
– Cada vez mais o deslocamento das pessoas, com a pandemia, vai exigir a realização de testes negativos para o coronavírus, além de vacinas. Vimos a oportunidade de colocar isso à mão de quem vai viajar – diz o presidente do Albert Einstein, Sidney Klajner.
Segundo o executivo, a unidade é a primeira de uma série. Já há conversas para a instalação de uma clínica similar no Galeão, no Rio.
A clínica em Guarulhos fica no terminal 3 e funciona 24 horas por dia. A capacidade é de 800 exames diários. O investimento soma R$ 2,7 milhões, segundo Klajner.
No futuro, de acordo com o executivo, as clínicas poderiam oferecer vacinas contra o coronavírus, assim que estiverem disponíveis no mercado privado.
O hospital Sírio Libanês, por outro lado, vai investir cerca de R$ 20 milhões para expandir sua rede de clínicas para o mercado corporativo.
A unidade de negócio foi criada em 2018 e é responsável por atender 200 mil pessoas, a maioria em São Paulo.
– Nossa visão de negócio está direcionada para ser uma organização que investe em serviços de prevenção a doenças e promoção à saúde, com o serviço de ambulatórios, consultas e exames a grandes empresas – diz Fabio Patrus, diretor de unidades externas e saúde corporativa do Sírio Libanês.
Os contratos são feitos em conjunto com a empresa cliente e a operadora de saúde que presta serviços a ela. Itaú e Votorantim, além da Unimed Seguros e da Secretaria da Fazenda do Distrito Federal são alguns clientes.
A meta da unidade é crescer 25% neste ano. Para isso, o Sírio Libanês vai abrir cinco clínicas voltadas ao público corporativo na Grande São Paulo.
– Teremos uma nova unidade em cada região da cidade- diz Patrus.
As clínicas são equipadas com ambulatórios, consultórios para consultas presenciais com especialistas, uma equipe multiprofissional e estrutura para atender a emergências de baixa complexidade, além da sala de medicação.
Segundo Patrus, como os funcionários têm o histórico acompanhado por médicos de família que costumam desenvolver uma relação com o paciente, a tendência é que as consultas gerem menos pedidos de exames, o que reduz a sinistralidade dos planos médicos.
– Na nossa rede, a média é de cinco pedidos de exame por consulta, nos ambulatórios corporativos é a metade, os médicos já conhecem os pacientes – diz ele.
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, quer expandir sua oferta de serviços ambulatoriais corporativos.
– Já temos sob gestão 20 mil pacientes em ambulatórios em organizações como a Klabin e o hospital AC Camargo. Agora criamos uma área de negócios dedicada a esse mercado e queremos ter ambulatórios nas ruas – diz o diretor-executivo, Allan Paiotti.
Segundo ele, a organização prevê ter entre três e cinco clínicas em São Paulo. Podem ser implementadas pelo próprio Oswaldo Cruz ou por meio de parcerias com redes que já têm clínicas privadas.
– É factível que nossa base de clientes aumente para até cem mil vidas em um ano. A ideia é ganhar escala- afirma.
Para Walter Cintra, professor da FGV, os movimentos dos hospitais estão em linha com a tendência mundial de diversificação de serviços no setor de saúde.
Autor: Ivan Martínez Vargas
Referência: O Globo