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Bradesco Saúde disputa fatia de 30% da Hospital Care com fundos

14 de abril 2022 Paulo Araripe Jr.

Operadora planeja ter participações minoritárias em hospitais além do eixo Rio-SP

A Hospital Care – grupo com 13 hospitais e 30 clínicas médicas dos fundos Crescera e Abaporu, do empresário Elie Horn – está negociando a venda de uma fatia do seu negócio com o grupo Bradesco Saúde.

A operadora tem interesse numa participação de 30% no grupo hospitalar, avaliado em cerca de R$ 3 bilhões. Pressionada pela recente fusão entre Rede D’Or e SulAmérica, sua adversária direta, a operadora se movimenta para também ter ativos hospitalares.

O Valor apurou que a Hospital Care também mantém conversas firmes com dois fundos de private equity (que compram participações em empresas) locais e estrangeiros. Embora haja uma preferência da Hospital Care pela operadora, o ritmo mais burocrático da Bradesco Saúde de fazer negócios pode levar os fundos a fazer ofertas mais agressivas pelo ativo. O grupo hospitalar também não descarta vender o controle de suas operações, segundo fontes.

No ano passado, a Hospital Care tentou abrir seu capital, mas o cenário adverso fez o grupo recuar. À época, o ativo chegou a ser avaliado em R$ 3,5 bilhões. O projeto da companhia era usar o ano de 2022 para integrar as aquisições e tentar um IPO após as eleições. No entanto, a rede decidiu atrair capital privado antes de tentar ir à bolsa novamente.

Ao mesmo tempo, os investidores originais, Crescera e Abaporu, não devem fazer novos aportes na rede. Agora, a estratégia é seguir um caminho semelhante ao traçado pela Rede D’Or, que inicialmente recebeu aportes de fundos e, alguns anos depois, abriu o capital.

Com 13 hospitais, cerca de 30 clínicas médicas no interior de São Paulo, Florianópolis (SC) e Curitiba PR) e modelos de remuneração baseados em performance, a Hospital Care é hoje uma das poucas opções de grupos hospitalares disponíveis no mercado. Por isso, o interesse dos investidores na companhia, que deve encerrar o ano com receita na casa dos R$ 2 bilhões.

Para a Bradesco Saúde, o ativo é importante. No ano passado, a operadora anunciou entrada neste mercado com a criação de um braço batizado de Atlantica Hospitais. A estratégia inicial era comprar ativos de pequeno e médio portes e, em paralelo, construir hospitais em imóveis do grupo, em São Paulo. Porém, a fusão da Rede D’Or e SulAmérica fez a seguradora buscar uma rede hospitalar, inclusive com presença em outros Estados, para entrar no setor com musculatura. A operadora de saúde também está analisando outros hospitais fora do eixo Rio-São Paulo.

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Autor: Mônica Scaramuzzo e Beth Koike
Referência: Valor Econômico