Clientes comemoram suspensão de repasse de planos da Amil
02 de maio 2022 Paulo Araripe Jr.
Cliente da Amil, a microempresária paulista Maria de Fátima da Silva, 50, está aliviada com a decisão da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), divulgada na sexta (29), de proibir que a empresa venda sua carteira de planos individuais e familiares para a APS.
A venda da carteira para a APS (do próprio grupo UnitedHealth, dono da Amil) fora realizada em dezembro e, na sequência, um fundo de investimentos recém-criado, o Fiord Capital, se tornou dono da APS no negócio, que envolve 330 mil planos nos estados de São Paulo, Rio e Paraná. Pouco antes do anúncio, os clientes já vinham observando mudanças, para pior, na rede credenciada, o que motivou até o aumento das reclamações na ANS.
“Achei excelente, espero que a Amil volte a ser como antes” diz Maria de Fátima, que se incomodou com mudança da rede de laboratórios credenciados.
“A Amil tirou o Lavoisier e, no lugar dele, colocou um laboratório pequeno, o Carezzato, que só faz os exames às segundas.”
O administrador de empresas Benjamin Wainberg, 68, se diz aliviado, mas receoso. Para ele, a determinação da ANS resolve temporariamente o casa “É como morfina no momento da dor, você tem um alívio, mas ainda não está curado” diz ele, que deve passar em breve por uma cirurgia e vai dar início a uma série de exames pré-operatórios.
Em comunicado na sexta, a ANS declarou a nulidade do contrato de compra e venda de quotas celebrado entre a Amil e a Fiord Capital, a Seferin & Coelho e Henning Von Koss. O acordo previa aporte de R$ 2,34 bilhões da Amil na APS – ambas pertencem à americana UnitedHealth. Ou seja, por se tratar de uma carteira deficitária, que não dá lucro, a Amil iria pagar para passar o negócio à frente.
Em janeiro, havia sido anunciada mudança no controle da APS, repassada para três sócios: Fiord Capital, gestora de investimentos criada em novembro pelo empresário Nikola Lukic; Seferin & Coelho, empresa gaúcha com negócios em telemedicina, casa de repouso e dona da rede de hospitais Life Plus; e Henningvon Koss, ex-executivo de empresas do setor, como a própria Amil e a Hapvida.
Em fevereiro, a ANS barrou essa operação, pela “ausência de informações sobre a suposta aquisição do controle societário da APS por uma empresa de reestruturação financeira”.
No início de abril, A ANS determinou a suspensão da venda da carteira de clientes individuais e familiares, por constatar que “os compradores das quotas da APS não têm capacidade financeira suficiente para garantir o equilíbrio econômico financeiro da APS”.
Amil e APS tiveram dez dias para se manifestar. A ANS, então, na reunião da diretoria colegiada na sexta, decidiu anular em definitivo a autorização para a transferência de carteira.
Em nota, a Amil disse que vai acatar a decisão da agência. “A prioridade da Amil segue sendo garantir que seus beneficiários tenham pleno acesso aos cuidados de saúde que necessitam.
Autor: Daniele Madureira
Referência: Folha de São Paulo