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CVM pede explicação por oscilação atípica em ações da Qualicorp

21 de novembro 2022 Paulo Araripe Jr.

Painel S.A

Regulador quer saber por que a companhia, fundada por empresário que deu carona em jato para Lula, negociou tantas ações mesmo com preço em queda

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pediu explicações para a Qualicorp, administradora de planos de saúde, sobre oscilações consideradas atípicas pelo regulador nas negociações dos papéis da companhia nos últimos dias.

A empresa foi fundada por José Seripieri Filho, que vendeu todas as suas ações em 2020. Há acordo de vedação, segundo o qual Seripieri não pode sequer adquirir uma única ação da Qualicorp. Atualmente, ele é o dono da QSaúde, que vende planos individuais.

Mesmo assim, segundo analistas de corretoras, a suspeita é de que a proximidade do empresário com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tenha afetado não somente os negócios de Seripieri, mas os do setor.

Segundo a B3, as ações ordinárias da Qualicorp estavam cotadas a R$ R$ 5,82, em 17 de novembro. No dia seguinte, estava sendo negociada a R$ 6,02 e liderou as altas na bolsa, ao lado de Hapvida, parceira comercial da Qualicorp.

Amigo de Luiz Inácio Lula da Silva, Seripieri e o presidente eleito foram alvo de críticas pela carona dada pelo empresário em seu jatinho para que o petista participasse da COP27, no Egito.

Segundo a CVM, em 3 de novembro, as ações da Qualicorp foram cotadas a R$ 8,10 com 9.782 negociações. No dia 17 de novembro, até 17h50, as ações ordinárias [com direito a voto] fecharam a R$ 5,82 e o volume de negócios foi de 16,8 mil operações.

Na última semana, no entanto, a Qualicorp recuperou parte das perdas acumuladas no período apontado pela CVM.

Em resposta enviada à CVM na sexta (18), Carlos de Almeida Vasques de Carvalho Neto, diretor financeiro da Qualicorp, disse à CVM que a companhia não tem conhecimento de “qualquer informação pendente de divulgação que possa justificar as oscilações de preços e negociações”.

A Qualicorp disse à CVM que “inquiriu seus administradores” e eles afirmaram desconhecer “quaisquer atos ou fatos que possam justificar as oscilações acima mencionadas, além das informações já tornadas públicas”.

Autor: Julio Wiziack (interino)
Referência: Folha de São Paulo