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Empresas de saúde pedem autonomia de agências reguladoras em manifesto

15 de fevereiro 2023 Paulo Araripe Jr.

Setor critica emenda do deputado Danilo Forte, que propõe conselho com ministérios para deliberar sobre atividade normativa

Cresceu o movimento do setor de saúde contra a emenda apresentada neste mês pelo deputado federal Danilo Forte (União-CE) à medida provisória 1.154.

Na MP, que trata da organização dos órgãos sob o novo governo, a emenda propõe a criação de conselhos vinculados aos ministérios, para deliberar sobre as atividades normativas junto com as agências.

A emenda é vista no setor como uma tentativa de enfraquecer a autonomia dos órgãos reguladores. Trinta associações ligadas ao setor de saúde publicaram nesta segunda (13) um manifesto em que apontam o risco de um “retrocesso no controle sanitário”.

“A proposta da emenda de transferir a competência normativa das agências reguladoras federais para conselhos externos fere a ordem jurídica constitucional, que consagra a independência administrativa, a estabilidade de dirigentes, a autonomia financeira, e, consequentemente, a independência decisória e política dessas autarquias”, diz o manifesto.

O documento, assinado por entidades como Abiis, Abraidi, CNSaúde, FarmaBrasil, Sindusfarma, SindHosp e Anahp, afirma que as agências são compostas por especialistas no assunto a ser regulado e suas decisões têm caráter técnico, com lastro em estudos.

Para o setor de saúde, a preocupação é com a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e a Anvisa. “Suas decisões são tomadas com base em evidências, à revelia de pressões externas, o que aumenta sua credibilidade e sua confiança perante a sociedade, em defesa da saúde, a exemplo do vivenciado na pandemia”, diz o texto.

A emenda abrange outras agências, como ANTT (transportes), Anatel (telecomunicações) e Anac (aviação), cujos setores regulados também levantam críticas.

Autor: Joana Cunha
Referência: Folha de São Paulo