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Agricultura mantém preocupações fora da porteira

01 de março 2023 Paulo Araripe Jr.

Brasil deverá colher nova safra recorde de grãos neste ciclo 2022/2023 superior a 310 milhões de toneladas. Uma vez mais, no âmbito da produção, a agricultura dará conta do recado, com oferta, qualidade e diversidade, apresentando novos ganhos de produtividade.

O ministro Carlos Fávaro (Agricultura) tem a missão e a responsabilidade de manter o protagonismo da pasta, que responde pelo principal setor da economia. Assegurar crédito com condições acessíveis de juros, prazos e limites para o Plano Safra, recursos para o seguro rural, em particular para pequenos e médios produtores, infraestrutura de armazenagem e transportes, bem como pesquisa agrícola, devem ser prioridades.

Estabelecer diálogo e ações conjuntas com outras pastas que têm relação direta com a agricultura será de fundamental importância para a implantação de políticas públicas favoráveis ao aumento da produção agropecuária e consequente garantia do abastecimento interno, bem como para manutenção das exportações e abertura de novos mercados.

O novo ministro deve, ainda, procurar pacificar correntes de pensamento da agricultura em torno de um objetivo único, o do desenvolvimento sustentável, estando atento a questões relacionadas ao desmatamento, às mudanças climáticas, ao recorrente protecionismo no comércio internacional e às agendas em curso, como, por exemplo, a busca da China por uma maior autossuficiência alimentar.

Outro ponto que merece vigilância são ameaças de taxação do agro, que devem ser peremptoriamente debeladas. O que trouxe o agro nacional até aqui não mais assegura seu crescimento. É preciso um projeto de longo prazo, que faça com que o Brasil continue a garantir oferta, qualidade e excedentes exportáveis e possa também diversificar a pauta exportadora com produtos de maior valor agregado.

Ademais, é necessário, de uma vez por todas, eliminar o desmatamento ilegal, que mina nosso pacote de ativos ambientais, desgastando a imagem e reputação do Brasil com impactos em nossas relações diplomáticas e comerciais. Não somos ingênuos e sabemos que existe o protecionismo de países agrícolas concorrentes, que em muitos casos usam questões ambientais como subterfúgio, sem respaldo técnico, para tirar vantagem. Entretanto, não podemos mais abrir brechas a críticas em áreas que até pouco tempo éramos exemplo global.

Referência: Estado de São Paulo