Capitolio


Hapvida vende dez imóveis para aumentar sua liquidez

30 de março 2023 Paulo Araripe Jr.

Hospitais serão inquilinos. Tendência deve ser seguida no setor, dizem analistas

A Hapvida anunciou a venda de dez imóveis onde funcionam seus hospitais em São Paulo, Minas Gerais e Brasília, por R$ 1,25 bilhão, para a LPAR, empresa de investimento da Família Pinheiro, controladora do plano de saúde. A operação é uma forma de aumentar a liquidez da empresa, que planeja ainda uma oferta primária de até R$ 1,04 bilhão de ações para reduzir seu endividamento.

A notícia foi bem vista pelo mercado, o que levou a dois dias consecutivos de alta das ações Hapvida ON (ordinárias, com direito a voto). Os papéis subiram 18,47% na terça-feira e 4,94% ontem, a R$ 2,76. No ano, no entanto, os ativos ainda caem em torno de 45%.

A venda dos imóveis feita pela Hapvida é atrelada a um contrato de locação de longo prazo por parte dos hospitais.

A prática, chamada de sale-leaseback, é comum em setores como bancário e supermercadista, mas ainda pouco usual entre as grandes empresas de saúde. Na avaliação de analistas, no entanto, essa é uma tendência que pode ser seguida por gigantes do setor, como Dasa e Rede D’Or.

– Os investidores de imóveis sempre tiveram interesse nesse mercado, por serem contratos de longa duração. Coincidência ou não, há rumores de que Dasa e Rede D’Or estariam avaliando operações semelhantes. A venda de imóveis é uma forma de aumentar o dinheiro em caixa diz Harold Takahashi, sócio da Fortezza Partners, assessoria de investimentos especializada em fusões e aquisições.

Procuradas, Rede D’Or e Dasa não quiserem comentar. Takahashi explica que setor de saúde está com alto endividamento em consequência de muitas aquisições realizadas nos últimos anos. Cenário agravado pelos juros altos e a dificuldade de repassar a inflação de saúde para os clientes.

RECUPERAÇÃO DA CONFIANÇA

José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, pondera ainda que o contrato prevê a possibilidade de recompra desses ativos pela Hapvida lá na frente, o que também foi visto como um aceno confiança no negócio dado pela família controladora.

Para o Goldman Sachs, venda de imóveis e a intenção de lançar uma oferta de ações ajudam a reduzir os riscos torno da liquidez da Hapvida e são operações bem vindas para o mercado recuperar confiança na empresa.

Em relatório da XP, os analistas de Saúde e Educação, Rafael Barros e Raphael Elage, destacam que o caixa recebido pela Hapvida “é suficiente para cobrir as obrigações financeiras de curto prazo”, mas ponderam que “alavancagem financeira permanecerá alta”.

Autor: Luciana Casemiro e Vitor da Costa
Referência: O Globo