Capitolio


Clima faz mercado segurador reavaliar riscos

14 de junho 2023 Paulo Araripe Jr.

Mapeamento de tempestades, enchentes, vendavais e incêndios entram no radar de seguradoras

O mercado segurador global garantiu a cobertura de US$ 125 bilhões em relação a perdas provocadas por catástrofes naturais em 2022 – o segundo ano consecutivo em que os gastos referentes a esses fenômenos excederam os USS 100 bilhões. Os números confirmam a tendência de incremento anual médio de 5% a 7% em perdas seguradas nas últimas três décadas, segundo o relatório Sigma Swiss Re divulgado em março. No Brasil, o relatório destaca as secas severas que afetaram a produtividade do agronegócio, sobretudo nas culturas de soja e milho, que resultaram em perdas seguradas no valor de US$ 1 bilhão.

Os eventos climáticos não são uma novidade para o setor de seguros. Porém, os efeitos das mudanças climáticas, em nível global, têm exigido das companhias uma nova consciência sobre mensuração e precificação de riscos climáticos, pela frequência e severidade dos eventos. “Na visão das seguradoras, o risco ambiental sempre foi um risco financeiro na sua essência, mas esse risco está se intensificando. As seguradoras precisam entender como colocar os aspectos socioambientais na matriz de risco para saberem precificar”, diz Fátima Lima, diretora de sustentabilidade da Mapfre.

Quando se fala em sustentabilidade, Lima ressalta a necessidade de o mercado se aprofundar na gestão de riscos e incluir atuários nessa discussão. Ela destaca a inciativa da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) para ajudar seguradoras a desenvolverem ferramentas para mensurar riscos climáticos. Até o fim do primeiro semestre de 2023, a CNseg vai finalizar um projeto para o mapeamento de riscos climáticos em todo o Brasil. O projeto inclui um mapa de calor (heat map) para medir a exposição do país a 12 riscos climáticos físicos.

Desenvolvido pela United Nations Environment – Programme Finance Initiative (Unep- FI), braço financeiro da ONU para questões climáticas, o mapa considera dois cenários climáticos (aumentos de 2ºC e de 4ºC) e dois horizontes temporais, 2030 e 2050. As seguradoras poderão avaliar os Estados e capitais mais impactados por ondas de calor e de frio, secas, mudanças crônicas de temperatura, enchentes fluviais, costeiras e urbanas, aumento do nível do mar, estresse hídrico, variabilidade sazonal, intensidade do vento e incêndio.

Veja mais

Autor: Suzana Liskauskas
Referência: Valor Econômico