Catástrofe climática se toma cada vez menos previsível para seguradora
12 de setembro 2023 Paulo Araripe Jr.
A tragédia no Rio Grande do Sul causada por um ciclone extratropical na semana passada estava “fora do radar” dos riscos climáticos históricos em várias regiões, afirmam especialistas do mercado de seguros ouvidos pelo Valor.
“O evento foi um alerta”, avalia a diretora de sustentabilidade e relações de consumo da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Ana Paula de Almeida Santos. “Áreas que não são consideradas de risco foram atingidas e isso mostra que o padrão dos efeitos e dos eventos climáticos está mudando”, diz.
De acordo com o diretor-executivo da Marsh, Ricardo Ciardella, “olhar o passado não é mais garantia de que vai conseguir evitar pagar essa conta no futuro”. Conforme o especialista, “um exemplo foi o que aconteceu no Rio Grande do Sul recentemente e as enchentes no litoral norte de São Paulo, em fevereiro”.
O risco climático tem acendido o sinal de alerta para o mercado de seguros e resseguros. Levantamento feito pela Swiss Re para o Valor mostra que há elevação significativa de perdas registradas pela indústria na última década devido a eventos catastróficos relacionados ao clima.
A pesquisa abrange um período que começa em 1970, com valores ajustados pela inflação. Os dados indicam um quadro no qual há uma elevação de indenizações pagas pela indústria de seguros e resseguros a partir, principalmente, dos anos 2000.
Os dez anos com maior volume de perdas financeiras relacionadas ao clima, desde 1970, concentram-se a partir de 2004. O pior período da indústria ocorreu em 2017, quando três furacões, Harvey, Irma e Maria, causaram perdas de mais de US$ 250 bilhões. Mas a lista de catástrofes daquele ano inclui enchentes, incêndios e outros eventos.
Autor: Sérgio Tauhata
Referência: Valor Econômico