Opinião
Planos de saúde: atenção aos idosos e às crianças
22 de agosto 2022 Alessandro Acayaba de Toledo
O primeiro registro confirmado do novo coronavírus no Brasil ocorreu em 26 de fevereiro de 2020. Até aqui, foram mais de 30 milhões de casos no País. Recente pesquisa da Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (Anab) mostrou que 25% dos brasileiros precisaram acessar mais sistemas de saúde e 63% mantiveram o uso, na comparação com o período pré-pandemia. O resultado mostra que a covid-19 não reduziu o uso dos sistemas de saúde para outros problemas de saúde. O estudo feito pela Anab em parceria com o Instituto Bateiah ouviu pessoas de todo o País, de todas as regiões, usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) e beneficiárias da saúde suplementar, buscando entender a relação do brasileiro com a assistência médica.
Um grande achado dessa pesquisa é que existe uma demanda de assistência médica que precisa ser absorvida pelo mercado e que ficou evidente diante da sensação aumentada de fragilidade da vida. A prioridade dos brasileiros para a aquisição de planos de saúde aponta crianças e idosos como públicos preferenciais para as famílias.
No mais recente Boletim Covid-19 – Saúde Suplementar , da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), considerando o tipo de contratação do plano e a faixa etária dos beneficiários, foi observada uma variação positiva para beneficiários acima de 59 anos em todos os tipos de contratação ao longo dos meses de março de 2020 até abril de 2022. A tendência de crescimento, registrada desde julho de 2020, continua. O total de 49,8 milhões de beneficiários representa aumento de 3,43% em relação a junho de 2021. A taxa de adesão (entradas) em todos os tipos de contratações é superior à dos cancelamentos nos planos médicos e hospitalares.
A operadora de saúde Prevent Sênior, no caso dos idosos, se destacou no mercado apresentando um modelo que conquistou o público acima dos 59 anos. Tanto que cresceu em número de beneficiários quase 15% até 2021, muito acima da média do setor, que ficou abaixo de 3% no mesmo período. A empresa apostou no público que a maioria dos planos evita e conquistou a adesão dos que preferem contar com um plano de saúde a custo acessível. A operadora tem mensalidades na média de R$ 800 e investiu na promoção de saúde, apostando na prevenção para reduzir a sinistralidade. No entanto, aumentou o número de reclamações dos beneficiários da operadora. O índice geral de reclamações da ANS aponta a operadora em primeiro lugar do monitoramento, com 235 reclamações.
Há diversas operadoras de planos pensando em produtos e serviços para concorrer com este modelo. As administradoras de benefícios já têm portfólio atraente e também acessível para o público 60+.
A participação feminina nos planos de saúde, de acordo com dados da ANS, alcançou em março 26,01 milhões. Entre elas, de acordo com o estudo da Anab, beneficiárias ou não de planos de saúde, 32% desejam um plano de saúde para garantir a assistência médica de seus filhos, principalmente entre os respondentes de até 39 anos, em que 42% consideram as crianças como prioridade para ter um plano de saúde.
Este desejo das famílias precisa encontrar resposta do mercado para assegurar a saúde de crianças e adolescentes. Há potencial aí, basta as operadoras oferecerem bons produtos e levarem ao conhecimento de quem precisa.
O SUS deve ser permanentemente fortalecido como um dos principais programas públicos de universalização da saúde, mas a saúde suplementar tem papel fundamental na promoção da saúde da população.
Por isso as discussões atuais sobre cobertura dos planos de saúde envolvem tanta paixão e clamor. Foram pais e mães de crianças autistas, por exemplo, que chamaram a atenção para o debate sobre o rol taxativo ou exemplificativo, que teve sua conclusão principal na decisão pela taxatividade, tomada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em junho deste ano. Mas é importante que a sociedade entenda que essa decisão traz equilíbrio ao mercado. Os beneficiários de planos de saúde serão favorecidos e podem ter garantidas as coberturas assistenciais mínimas para qualquer tipo de plano de saúde. É fundamental para a sustentabilidade das empresas as operadoras de saúde poderem manter a previsibilidade de custos e riscos decorrentes da utilização médica, o que evita aumento substancial do preço para novos produtos.
Isso não impede que operadoras criem produtos específicos para oferecer cobertura não prevista no rol taxativo. Na mais recente atualização do rol, a ANS ampliou as regras para atendimento de qualquer transtorno global do desenvolvimento, que inclui os autistas.
Estamos avançando, as discussões são infinitas e o importante é que os brasileiros tenham acesso cada vez maior ao atendimento de saúde de que precisam, seja ele público ou privado, preservando a segurança jurídica dos contratos.
Referência: Estado de São Paulo