Opinião
Mais uma vez a sinistralidade dos Planos de Saúde
02 de maio 2023 Marcio Serôa de Araujo Coriolano
Tomando-se o ano de 2018 como um ano “normal”, sem pandemia, inflação e juros baixos e outros atributos positivos, a sua comparação com os últimos dados divulgados para 2022 indicam um evidente (e geral) agravamento.
Conforme o quadro a seguir, a média do setor amargou um acréscimo de 6 pontos percentuais, desequilíbrio para ninguém botar defeito.
Chegou-se a 89,2% de sinistralidade. Somadas outras despesas da operação, é claro que o resultado operacional não poderia ser outro senão o negativo.
Como tenho insistentemente comentado, cada modalidade respondeu de forma diferente ao agravamento dos custos assistenciais e ao desafio da gestão. O pior desempenho foi das Filantrópicas. E o melhor, das Autogestões, seguidas das Cooperativas Médicas.
Quando o olhar bate na comparação com um ano recente ruim, 2021, o agravamento geral em 2022 foi persistente: mais 2,1 pontos percentuais. Também com diferenças. As Cooperativas conseguiram reduzir a sinistralidade em 0,6 pontos, enquanto as Autogestões tiveram acréscimo de 4,8 pontos, seguidas das Filantrópicas e Medicinas de Grupo.
As razões, noves fora a chamada demanda reprimida pós-pandemia, estão em debate.
Alguns já colocam na pauta – além da demanda, rol de eventos, fraudes, modelo assistencial insuficiente – também os problemas de precificação; ou, mais propriamente, o cálculo dos preços de novos produtos (“tabelas”), o efeito do controle de reajustes da ANS e as dificuldades de repasse de custos para os contratantes empresariais, notadamente os grandes, eles mesmos submetidos às restrições orçamentárias do ciclo econômico “complexo”.
Há responsabilizações e soluções que estão sendo gritadas em debates públicos e privados. Independente delas, é fato que, sem pactuação ampla entre quem participa da chamada ampla cadeia produtiva da saúde privada (insumos médicos, seus distribuidores, prestadores da medicina, operadoras, contratantes, pelo menos) nada vai poder “rolar” a contento.
Ou, então, algum ente externo, sempre o Governo, vai pactuar em nome deles.