Opinião
Seguros: o lado ‘B’ é tão bom quanto o ‘A’
10 de outubro 2022 Antonio Penteado Mendonça
A atividade seguradora é uma das principais responsáveis pela garantia de funcionamento e estabilidade das sociedades. Aliás, é a mais eficiente forma de proteção social, com mais de 4 mil anos de bons serviços prestados, desde a antiga Caldeia até os dias de hoje, passando pelas cidades italianas, Portugal, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos etc.
As apólices de seguros são responsáveis por pagarem mais de US$ 90 bilhões em indenizações para danos decorrentes das mudanças climáticas em 2021.
No Brasil, os seguros de vida pagaram R$ 7 bilhões em indenizações para mortes decorrentes da covid-19, apesar de ser uma cobertura, em princípio, excluída das apólices do setor.
Se as seguradoras brasileiras fossem uma montadora de veículos, o total de indenizações pagas para as perdas totais as fariam ocupar o quarto lugar no ranking da categoria.
Isso, porém, não acontece de graça. As apólices de seguros custam para os segurados, mas ainda que tendo quem as ache caras perto do preço do bem ou do serviço a ser indenizado, seu preço é irrisório.
Nos países desenvolvidos, elas protegem a sociedade contra vários riscos. No Brasil esta proteção é menor, mas, mesmo assim, faz a diferença para quem tem um seguro e sofre um acidente.
Mas, além da proteção social, o seguro tem um outro lado tão importante quanto as apólices e que nem sempre é visto com clareza, inclusive por quem tem alguma familiaridade com o setor.
Pela própria atividade, as seguradoras administram enormes somas de dinheiro. Atualmente, as reservas das empresas do setor atingem impressionantes um R$ 1,6 trilhão, grande parte deles investidos em títulos públicos, o que as torna as maiores financiadoras da dívida pública nacional.
Este outro lado da atividade das seguradoras é tão relevante quanto a proteção oferecida pelas apólices. Ao investir em títulos públicos, as seguradoras disponibilizam para o governo os recursos necessários para custear atividades que são fundamentais para o desenvolvimento do País e o bem-estar da sociedade.
Graças a elas, o governo capta boa parte dos recursos extra impostos indispensáveis para custear suas ações nas mais diversas áreas, mas principalmente nos projetos de infraestrutura, normalmente de maturação longa e rentabilidade menor do que a conseguida no setor financeiro.
Isto só é possível graças a composição de capital e reservas necessários para as seguradoras fazerem frente aos riscos assumidos.
Como os pagamentos se diluem ao longo tempo, parte destes recursos pode ser investida em prazos mais longos, de acordo com a sinistralidade de cada companhia e suas necessidades de caixa para fazer frente aos compromissos estabelecidos.
Graças a esta tipicidade de sua operação, o setor de seguros, além de girar regularmente grandes quantias, importantes no funcionamento da sociedade, ainda por cima garante os recursos necessários para o Estado custear parte dos investimentos públicos indispensáveis para o desenvolvimento da nação.
Referência: Estado de São Paulo